sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O poder das mulheres que dançam


Já falamos aqui, e é comprovado que a dança, é uma terapia...Proporciona entendimento e conhecimento do corpo, alinha os chakras, auxilia na respiração, coordenação motora, etc. É praticamente completa, no que diz respeito a parte aeróbica. E mulheres que dançam tornam a dança a expressão da alma...
Nesse dançar, os problemas se esvaem, as tristezas se transformam em belos gestos, o pesar se transforma num passo diferente e singelo...as mãos tocam o céu, e o olhar as estrelas...
As feiticeiras dançam e dançavam para celebrar as fases da lua, o tempo, a sabedoria... e com isso fortaleciam o sagrado feminino dentro de cada uma delas...A força transformadora e geradora, que reside em cada uma de nós mulheres...
E dançavam para celebrar os ciclos da vida, pois sabem que nada tem fim, é sempre um constante transformar...um constante girar, hora rápido, outras vezes devagar...mas é constante o movimento do mundo...das pessoas, de energias...
No antigo Egito, a dança era um rito de passagem, a preparação da jovem sacerdotisa que já estava pronta e apta a desenvolver os serviços à deusa.
Na dança cigana, como sabemos, e já falamos aqui, incluímos em nosso gestual a reverencia aos quatro elementos da natureza, que são cultuados pelos ciganos desde sempre. E dessa forma, fazemos uma alusão ao equilíbrio que a bailarina busca ao efetuar os movimentos ligados a cada um dos elementos.

Terra: dos pés aos quadris;
Água: dos quadris aos ombros;
Ar: dos ombros ao chakra coronário;
Fogo: em volta de todo o corpo (energia criadora).

Instrumentos:  

Terra: Pés no chão, pandeiro
Água: Saia
Ar: Leque, xale, véu
Fogo: Punhal

Esse equilíbrio tem o intuito de elevar a auto-estima, fazendo com que os chakras girem na sua velocidade comum, e todos ao mesmo tempo, justamente para que não haja desequilíbrio em nem um campo de energia e de vida.

* Vermelho - Chakra básico
* Laranja - Chakra esplênico
* Amarelo - Chakra plexo solar
* Verde - Chakra cardíaco
* Azul - Chakra laríngeo
* Índigo - Chakra frontal
* Violeta - Chakra coronário





Em minhas aulas de dança, a professora certa vez fez um exercício que no meu ponto de vista, foi perfeito. Ela pediu para que cada aluna escolhesse o instrumento que mais se identificava, e se imaginasse dançando ao redor de uma fogueira, e que conforme as chamas fossem aumentando, visualizássemos os bloqueios, medos, decepções e tristezas saindo do nosso coração... No final desse exercício, todas estávamos leves igual pluma, e queríamos ficar o resto da aula repetindo o exercício... rsrsrs

Pois bem, minha sugestão é que você faça o mesmo...em casa, escolha uma saia, coloque seus brincos, pulseiras e colares e dance...dance o que quiser dançar...expulse o que já não te serve mais, até mesmo porque se queremos que o novo entre, precisamos ter espaço vazio, limpo e organizado para que ele se sinta em casa correto...? Celebre a vida, se dispa daquilo que não te cabe mais...Exerça o poder do seu sagrado feminino...se dê conta de que isso está com você desde seu nascimento...Celebre sua feminilidade...sua força. Renasça!

 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Nossa Confraternização...

Eis que chega o tão esperado dia.

O dia que iremos nos divertir pacas...não que nossas aulas não sejam divertidas...Mas esse dia é único. É o dia de extravasar!!!! A nossa confraternização. E nunca é igual ao do ano anterior...Sempre tem algo que supera.
Esse ano, o espaço escolhido foi o Clube MESC. Um clube grande e conhecido de São Bernardo, com uma enorme área de lazer, e um espaço fabuloso de terra que poderemos usar pra dançar...E tem coisa melhor do que dançar com o pé na terra... ???
Ah, eu disse que cada ano é fabuloso!

#Contandoosdias #Naexpectativa


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A lenda da Cigana do Pandeiro

Cigana do Pandeiro

Num reino da Idade Antiga havia uma jovem chamada Márcia, que curava as pessoas doentes através de seus poderes paranormais e de fórmulas mágicas. Por isto o povo apelidou a moça de bruxa.
Um certo dia, o príncipe Felipe ficou muito doente. Então o rei mandou chamar Márcia. Esta garota ao colocar os olhos em Felipe se apaixonou por ele e tirou sua enfermidade através de feitiços.
Uma semana depois o príncipe casou-se com sua amada Amanda. Assim, Márcia ficou enfurecida e jogou uma praga:
- A partir da data deste matrimônio, nesta vila não haverá mais Sol e muito menos arco-íris. Aqui só existirão chuvas e tempo nublado para todo o sempre.
Desta maneira o tempo fechou e permaneceu assim por muitos anos.
Um belo dia, uma caravana de ciganos aproximou-se daquele reino e montou acampamento lá. Logo estranharam o mau tempo, mas pensaram que se tratava de uma chuva passageira. Naquela mesma tarde eles desfilaram pelas ruas da vila trazendo muita alegria, dança, canto e harmonia.
O príncipe, que olhava tudo pela janela, convidou os ciganos para se apresentarem no castelo. Desta maneira, estes artistas deram um espetáculo no palácio durante a noite. Após o show, a cigana chamada Sol aproximou-se da princesa Amanda e comentou:
- Seu reino é muito bonito, pena que este clima nublado parece ser eterno.
Então a nobre comentou:
- O problema é que este clima é, realmente, eterno por causa de uma praga que uma feiticeira lançou. Diz a lenda que só uma mulher estrangeira e virgem pode libertar a nossa terra das tempestades eternas se ela tocar um instrumento mágico feito de um animal que é manso de dia mas que, nas Luas Cheias, pode ser feroz.
Ao escutar isto, Sol tentou tocar todos os instrumentos que o seu povo tinha: violino, gaita, lira e tambor. Porém nada fez efeito.
Assim, a moça se despediu dos nobres e voltou ao seu acampamento. Então ela orou:
- Santa Sara, por favor, me dê uma luz!
Naquele momento Michel, o avó de Sol, estava sentado numa banqueta em frente à tenda. Quando, de repente, uma cabra saiu correndo em direção ao idoso.
A jovem cigana, ao perceber isto, pegou uma lança que estava ao seu lado e lançou em direção ao animal furioso, que morreu na hora. Ao se aproximar do bicho morto, ela achou um aro de metal caído no chão. Naquele instante a moça teve uma idéia:
- Farei um instrumento musical com o couro desta cabra, com este aro de metal e com as platinelas que estão na minha tenda.
Esta jovem passou a madrugada inteira fazendo um pandeiro com o material achado. Deste jeito, quando chegou às dez da manhã, o instrumento já estava pronto e ela resolveu tocá-lo no meio da tempestade.
De repente, a chuva parou, o Sol se abriu e um enorme arco-íris surgiu no céu. Alguns minutos depois as cores do arco-íris vieram em direção ao seu pandeiro e viraram fitas dentro dos buracos deste instrumento.
A princesa Amanda e o príncipe Felipe, que viram tudo pela janela, ficaram tão contentes com o fato que presentearam os ciganos com um baú cheio de tesouros.
Assim surgiu a lenda da Cigana do Pandeiro. E daí que vem o costume de enfeitarmos o pandeiro com as fitas coloridas. E lembrando que cada cor tem sua simbologia e seu significado.


Fonte: https://www.facebook.com/AlquimiaCigana

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A energia da dança cigana

A Energia da Dança Cigana
A postura imponente dos ciganos ao dançar mostra como eles enfrentam a vida e orgulham-se do que são. A cigana tem um lugar especial na dança, em muitas tribos ela garante o sustento dos seus com a sua arte, elas atraem a boa sorte para o grupo e a família...Com a cabeça levantada demonstra o poder de sua raça, o bater dos pés na terra clama a força desse elemento para b
ailar, as mãos para o alto pedem licença para exaltar a natureza, com a força feminina entrega-se ao ritual da dança e banha de beleza e mistério o espetáculo cigano. O barulho das moedas e pedras também tocam música no ritmo do rodopiar da cigana, as palmas e ralhos a envolvem e alimentam sua arte, que em forma de oração saúda os presentes na comunhão do sagrado e da alegria.
O cigano com seu ritmo forte e elegante atrai a atenção do grupo, é dele a responsabilidade da proteção, das aberturas dos caminhos de seu povo por estradas desconhecidas; no sapateado a busca da força e coragem; as mãos ao céu agradecem e recebem um sol de esperança; a força masculina se mostra e também reverencia a natureza.
Nos passos da vida, encontramos a Dança Cigana, envolvente e transformadora como o fogo; um coração pulsante no ritmo do vento; sábia e reveladora como o ar, de braços abertos buscando envolver um mundo inteiro; forte e poderosa como a terra; cristalina e mutável como a água, sem medo de demonstrar o amor à família, a eterna tristeza de tantas dores desnecessárias, o encantador sorriso da crença de um amanhã melhor, o brilho de lágrimas nos olhos profundos; um rito sagrado saudando a natureza que nos deu a vida.
Assim, nos contagiantes volteios dança-se aos pares, no ritmo do amor cigano troca-se forças, experiências, existências, finalmente completos na comunhão da vida. As crianças, continuação de nossos sonhos, e os velhos, detentores da sabedoria, tem lugar na roda e com o mesmo respeito são apreciados por tudo que são e serão.
Vamos palmear e nos entregar ao bailar gitano de nossos corações, no ritmo que a vida pedir vamos juntar as mãos e deixar que o som guie nosso corpo por novos caminhos; no ritmo sagrado da Dança Cigana fazer da liberdade de sonhar e realizar uma oração, uma dança única onde nos revitalizamos e descobrimos nossas forças e talentos para seguir sempre em frente, como fizeram e fazem os ciganos.
É importante lembrar que quando a dança for masculina, somente homens participam, denotando firmeza, alegria, altivez e muito preparo físico, devendo então as mulheres acompanhá-los em roda, batendo palmas ao seu redor, salvo quando a dança for em conjunto e geral.

Fonte: http://www.alemdamagia.com/

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dança Cigana com Punhal


Elementos ar e terra. 
Significa lutas, disputas, fúria e pode simbolizar a limpeza do ambiente e do corpo. Representa o corte, a força e a limpeza. O punhal representa a vontade de vencer, simboliza disposição para enfrentar o inimigo. É associado à honra, vitória e superação dos obstáculos. O punhal da cigana, sempre tem fitas coloridas e pedras. A dança pode ser executada sozinha ou com várias mulheres. Ele nunca é tirado de lugar nenhum, a dança inicia com o punhal na mão, isso porque as ciganas guardam o punhal preso na perna, na altura da coxa, e durante a dança não é possível tirá-lo dali, uma vez que as ciganas não mostram as pernas. O punhal é considerado ritualístico e deve ser guardado num tecido vermelho. Para fazer uma limpeza astral com o punhal, em si, ou em outras pessoas, basta apontá-lo para os 4 cantos cardeais, norte, sul, leste e oeste, invocar uma divindade de sua afinidade e fazer passá-lo próximo ao corpo, frente e costas. Dança do Punhal - Assim como a dança da espada, a verdadeira origem d da dança com o punhal não tem comprovação histórica e há diversas versões sobre o significado dessa dança. É praticamente impossível uma afirmação precisa sobre sua real origem. Em algumas fontes de pesquisa, há afirmações de que seria uma dança derivada da dança da espada. Porém, a dança do punhal é uma dança muito forte e marcante, diferente da dança com a espada, em minha opinião. Uma das versões conta que é uma homenagem a Deusa Selkis (Rainha dos Escorpiões), simbolizando morte, transformação e sexo. É possível que seja uma incorporação da dança cigana à dança do ventre, retratando amor, mistério, magia, paixão, luta e morte. Alguns estudos realmente nos levam a crer que o povo cigano foi pioneiro na inserção do punhal em danças femininas. As gawazees (tribo cigana) utilizavam o punhal como arma de defesa e na execução da dança, elas o usavam para transmitirem mensagens umas para as outras. Os registros mais antigos nos levam a Istambul e Constantinopla, mais precisamente às mulheres que serviam o sultão. Algumas fontes afirmam que as odaliscas precisavam sobreviver no harém. Dessa forma, disputavam com as outras a atenção do sultão, tomando seu punhal e dançando com ele para impressioná-lo. O sultão escolhia apenas uma odalisca para passar a noite com ele, podendo futuramente tornar-se uma de suas esposas ou concubinas. O posto mais alto dentro de um harém atingido por uma mulher era sultana, ou seja, mãe do sultão. Nos haréns, a comunicação entre homens e mulheres era proibida. As mulheres usavam a dança com o punhal como código de linguagem. Hoje em dia, utilizo esses gestuais (códigos) nas mostras de dança para que o público conheça um pouco mais sobre esse estilo de dança. Seguem os significados dos gestuais: 


Punhal na mão, com a ponta voltada para fora: a bailarina está livre;
Punhal na mão, com a ponta voltada para dentro: a bailarina é comprometida;
Punhal na testa com a ponta para baixo: magia;
Punhal entre os dentes: desafio (a mulher mostra nada temer);
Punhal coma ponta no quadril: força feminina;
Bater o punhal na bainha: chamado para o embate;
Punhal entre os seios: paixão;
Passar o punhal pelo corpo: sedução;
Equilibrar o punhal sobre a testa: domínio;
Desenhar círculos no ar com o punhal: limpeza energética astral;
Passar a lâmina rente ao próprio pescoço: ameaça de morte.
Dicas: Por ser uma dança forte, cuidado com o manuseio do punhal para que você não seja mal interpretada; Decore seu punhal com pedras, fica bem delicado; Estilos musicais idéias para essa dança: músicas turcas ou estilo andaluz; Trajes sugeridos: calças bufantes e boleros. Curiosidade: para a execução dessa dança são confeccionados punhais específicos para tal, sem corte.

Contribuição: Aluna Cecília Balotta

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dança com Xale


O xale no Bailado Cigano é um elemento que traz leveza ou força. Seriedade e sensualidade. É uma peça muito especial.

Entre as espanholas, especialmente as sevilhanas, o xale lá conhecido como “mantón de Manila” passou a ser importado da China no século XVI através das Filipinas, então colônia espanhola. Inicialmente era um adorno do dia a dia, e com o tempo, foi incorporado como parte do vestiário de cantoras e bailaoras.

Dizem que, na época da colonização, grandes cargas de tabaco chegavam em Sevilha, vindas da China através de Manila, capital das Filipinas. O tabaco era empacotado em grandes telas de seda recortados de forma quadrada, ideal para proteger o tabaco, pois absorviam sua umidade. A seda não era comercializada devido à baixa qualidade ou por apresentarem falhas. As mulheres que trabalhavam nas fábricas de tabaco da cidade cortavam estas peças em quatro partes e adicionavam franjas a elas, e depois as utilizavam como xales, que aos poucos também passaram a ser usados pelas bailaoras e cantoras em suas apresentações. A delicadeza e o colorido dos bordados dos mantones cativaram as sevilhanas. Os desenhos de dragões chineses foram substituídos por flores e pássaros, adaptando-se ao gosto local. Posteriormente, os “Mantones de Manila” foram enriquecidos pela alta sociedade com belos bordados de temas variados, e com o tempo, foram criados diferentes estilos de xales.

Os mais caros e vistosos ainda são de seda e, tradicionalmente, as mulheres os usavam apenas em ocasiões muito especiais, tratando-os como verdadeiras joias. Dessa maneira, a mulher que caminhava com seu mantón tinha também uma pose especial. Não era um elemento para garotas, mas para mulheres senhoras de si. É por isso que as bailaoras ciganas caminham com tanto garbo quando usam seus xales. E dizem até que se o xale cair, jamais devemos nos abaixar para pegá-lo. É melhor pedir para alguém nos entregar. Por isso, prefiro ensinar o bailado com xale apenas para alunas mais avançadas – pode até parecer fácil, mas é necessário ter postura e uma certa maturidade do bailado.

E se por um lado o xale é um objeto de senhoridade, no início do século XX, passou a tornar-se também um símbolo de sensualidade, com as ciganas que o usavam em ombros nus. Em todos os casos, recomendo deixar o cabelo preso ao usar um xale. Assim, ele poderá ser melhor apreciado, além de não atrapalhar os movimentos no bailado.

Enquanto que as bailaoras de Flamenco utilizam os verdadeiros Mantones de Manila, que são grandes, de seda e às vezes quadrados, no Bailado Cigano usamos xales triangulares, mais pesados e um pouco menores. No entanto, não podem ser tão pequenos a ponto de encurtar nossos movimentos. Os movimentos devem ser livres para fazer o xale voar. Há movimentos leves e cheios de força. Os que sobem ao ar e os que se enroscam no corpo. O que não recomendo é dançar uma música inteira somente com o xale. O bailado deve ter graça, e não ser apenas a sucessão de movimentos.

Para comprar seu xale: Clique aqui

fonte: https://caravanadovento.wordpress.com/tag/xale/

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Dança Cigana Turca



Como já posto aqui anteriormente, o (a) cigano (a) retrata na dança, elementos de sua crença, a felicidade que sente, as coisas de seu cotidiano. Passa para as mãos, os pés, os gestos em sua dança, todo esse mix de sentimentos e situações. Que somente quem faz a dança, ou quem é cigano de verdade pode entender, e interpretar. Em pesquisas podemos ter o entendimento de diversas danças ciganas, de origens diferenciadas. Como por exemplo, dança cigana russa, dança cigana egípcia, dança cigana espanhola, e por ai vai...
Todas retratam elementos do cotidiano, de crença, e de sentimentos. Porém, tem uma que eu acredito ser a que mais expressa a felicidade e simplicidade desse povo. Que mesmo sendo vítima de diversos tipos de racismos, consegue transpor isso e deixar a alegria falar mais alto. É a dança cigana turca. Ela demonstra toda a dificuldade da vida cotidiana de uma cigana, e a alegria que ela tem em colocar isso na dança. Ela retrata de maneira única a essência desse povo. Vale a pena ver.


Na música, os ciganos extravasam toda sua alegria, todo seu sentimento.
Na dança, comungam com a natureza.
Ciganas, para facilitar a interação Terra/Céu, dançam descalças.
Há uma variedade de danças: do lenço, do punhal, da fogueira etc.
O que se pode verificar, porém, é que a cigana, embora tenha movimentos aparentemente sensuais,
ela é pudica, e jamais veremos além de seus tornozelos nos seus rodopios e meneios.
Para evitar acidentes durante o bailado e coreografias,
as ciganas usam sobre-saias até em número de sete.
Daí, ciganas estereotipadas como as das novelas e filmes nada têm a ver com a realidade.
Na dança, o cigano procura desenvolver uma relação telúrica,
conectar-se com a natureza e deixar fluir para a superfície física do ser,
todos os sentimentos mais íntimos.
Assim, nota-se perfeitamente o sinal de êxtase de uma cigana
ao rodopiar e fazer seus movimentos gentis, ao sacudir seu pandeiro
ou ao som do atrito das castanholas.


Para o cigano, dançar é celebrar a vida, a existência e se ligar a. Deus.



domingo, 31 de agosto de 2014

O tacho


O povo cigano nômade por sua própria natureza, estão desde tenra idade habituados a fabricar seus próprios artefatos, vestimentas e adaptar o que já existe as necessidades do acampamento. Como hábeis artesãos que são, lidam com o fogo de maneira singular e aprenderam a usá-lo para moldar e  fazer ferramentas. Desse exemplo citamos os punhais, as espadas, os tachos, as jóias que as ciganas usam, etc.
O tacho representa toda essa senda, pois sendo de cobre, e precisando ser forjado para adquirir a forma ideal de uso, é criado mediante todo o trabalho de um acampamento, de um cigano, tanto o braçal, que diz respeito a forma adquirida do metal em questão, quanto o realizado anteriormente pelas ciganas e ciganos, no levantamento da "plata" para a compra do material até o trabalho final.
O individual não é prioridade, e sim o grupo. O grupo unido faz o que precisa para sustentar o clã. Os ciganos juntos protegem o acampamento em revezamento, e às ciganas quando saem para fazer a leitura da "Buena Dicha"; as ciganas vão juntas realizar os trabalhos de leitura de mãos, e cartas...o grupo é sempre um. Pois todos representam o acampamento.
Podemos sintetizar como sendo o tacho o grande representativo do povo cigano, pois ele é forjado no FOGO, o mesmo fogo que os move, pelos mais diversos cantos do mundo...Sua forma é redonda, não segura o VENTO/AR, o mesmo vento que sopra os cabelos das ciganas, o mesmo vento que direciona as carruagens, o mesmo vento que balança as saias... dentro dele vão as frutas, elementos que os ciganos tiram da TERRA, que os alimenta, e também a ÁGUA. A que sacia a sede.
Tendo toda essa simbologia, o tacho é constantemente usado em magias ciganas para diversas questões. E em festas, está sempre cheio de frutas, ou comidas. O que simboliza justamente a fartura e prosperidade do clã, do acampamento.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014


CC Inamar realiza evento para valorizar a cultura do povo cigano

O Centro Cultural Inamar fará uma série de eventos para divulgar a Cultura Cigana, que é rica em manifestações artísticas. De 26 a 30 de agosto, em três locais da cidade, vai acontecer a Semana da Cultura Cigana de Diadema com realização de workshops, exibição de filme, palestras, exposição de fotos e apresentações de danças e de música cigana, todos com entrada gratuita. 

No encerramento será realizada a 6ª Festa Cigana do Centro Cultural Inamar, atividade que já se tornou tradicional no bairro pela participação do público e também pelas performances das alunas da oficina de dança cigana que o espaço cultural promove desde 2009.

Segundo Mardilene Damazia, coordenador do CC Inamar, além de divulgar a Cultura Cigana, os eventos também são uma forma de desfazer os estereótipos negativos atribuídos ao povo cigano. “Ainda há muitos preconceitos com relação a essas pessoas. O objetivo das atividades é estimular o intercâmbio entre os alunos das oficinas de danças que acontecem em outros centros culturais e, também, ressaltar aspectos positivos dos ciganos como a alegria, a liberdade e a sensualidade presentes na dança e na musica deles”, afirma. 

Milagres Torres, pesquisadora e bailarina de dança cigana há mais de 30 anos, também comunga com a ideia de que quanto maior a divulgação das artes ciganas maior será a aceitação, e isso ajudará a diminuir o preconceito e a exclusão. Ela é uma das professoras das oficinas de dança cigana que acontecem nos centros culturais da Prefeitura e também participará das atividades que vão acontecer até o final do mês. 

No dia 27 de agosto (quarta-feira) Milagres fará palestra no CC Vladimir Herzog sobre a simbologia do chá cigano. “Vamos mostrar e falar sobre o ritual e a cerimônia que se faz para o preparo do chá e ressaltar o seu caráter de encontro, comunhão e transmissão de boas energias“, diz. 

PROGRAMAÇÃO

Dia 26/08 (terça-feira), às 19h - apresentação do grupo de dança cigana Estrelas de Kali do Centro Cultural Inamar e projeção de filme abordando a trajetória nômade dos ciganos músicos e bailarinos da Índia, Turquia, Hungria, Romênia, Eslováquia e Espanha. Local: Cine Eldorado.

Dia 27/08 (quarta-feira), às 19h – palestra - O Chá Cigano e Sua e Sua Simbologia, com a professora e pesquisadora de Dança Cigana e Cultura Cigana Milagres Torres. Local: Centro Cultural Vladmir Herzog .

Dia 28/08 (quinta-feira), às 19h - palestra sobre a Origem do Povo Cigano com a professora Milagres Torres. Depoimentos de Tatyana Gauglitz, de origem cigana kalderash, atuante em projetos sociais voltados ao povo cigano e de Cristiano Torres, poeta e artista plástico descendentes de ciganos kalons, que falará sobre seu livro ”A Tenda do Cigano”. Local: Centro Cultural Inamar.

Dia 28/08 (quinta-feira), às 19h - abertura da exposição coletiva de fotos No Compasso Cigano reunindo imagens de alunas e grupos de dança cigana captadas nas aulas e nas festas do Centro Cultural Inamar. Local: Centro Cultural Inamar.

Dia 29/08 (sexta-feira), às 19h - workshop de Dança Cigana Turca com a professora e bailarina de Dança Cigana Milagres Torres. Local: Centro Cultural Inamar.

Dia 30/08 (sábado), às 18 h - 6ª Festa Cigana do Centro Cultural Inamar com apresentação do grupo de dança e musica flamenca “Peña Flamenca’” e alunas da oficina de dança cigana do Centro Cultural Nogueira. Participações dos grupos de dança cigana “Alma de Kali”, “Amor Gitano”, alunas da professora Tatyana Gauglitz e alunas da oficina de dança cigana dos centros culturais Inamar, Vladimir Herzog e Heleny Guariba.Local: Centro Cultural Inamar.

ENDEREÇOS DOS LOCAIS

Centro Cultural Inamar – Av. Antonio Sylvio Cunha Bueno, 1322, Jd. Inamar, Diadema. Tel.: 4043-5476 .
Cine Eldorado – Rua Frei Ambrósio de Oliveira Luz, 55 Eldorado, Diadema. Tel.: 4059-1649.
Centro Cultural Vladimir Herzog – Rua Eduardo Matos,159, Jd. Campanário, Diadema. Tel.: 4091-2299.

ESTAREMOS LÁ!!!!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

09 Motivos para você começar a dançar



1. Você mais magra

Dançar é uma forma divertida de acabar com quilinhos extras. "É possível gastar até 500 calorias (o mesmo que uma barra grande de chocolate) em uma aula de dança de salão", diz a fisiologista do exercício Cláudia Zamberlan, de São Paulo.

2. Autoestima nas alturas
Não há nada melhor do que ter prazer em dançar e se sentir capaz de executar passos e coreografias. Quem nunca se sentiu poderosa arrasando na pista? "Com a elevação da autoestima, você também afasta a depressão", diz Cláudia.

3. Novos amigos
Conversar sobre a coreografia pode ser o começo de uma grande amizade. "Os alunos também combinam de sair para dançar, formando um círculo de amizade muito forte", diz o professor de samba-rock Moskito. Arriscar os passos também ajuda os tímidos a se soltar mais e fazer novos amigos!

4. Mais saúde
Com alguns quilos a menos, você também evita muitos problemas relacionados ao sedentarismo, como diabetes e hipertensão. Além disso, os passos e pulinhos da dança fortalecem os ossos, dando um chega para lá na osteoporose.

5. Melhora a memória
Para executar os passos, você precisa decorar a sequência e os giros certos. Um exercício e tanto para o cérebro! "Gravar a dança e a música estimula o sistema neurológico, o que turbina a memória", diz Claúdia. Para nunca mais dar branco!

6. Xô, estresse!
Dançar estimula a liberação de dois neurotransmissores, endorfina e serotonina, ligados à sensação de bem-estar e prazer. Além disso, se mexer diminui a produção de cortisol, o hormônio do estresse. Espante a tensão!

7. Corpo durinho
Não é à toa que as dançarinas têm pernões de causar inveja. "Se deslocar, agachar ou levantar trabalha as panturrilhas, as pernas e os glúteos. Para executar os giros, o abdômen se contrai", afirma a fisiologista. Os braços, em geral, não são tão trabalhados, mas ficam muito melhores se comparados com os de quem não faz nada. Fica a dica.

8. O coração agradece
Os passos e rodopios fortalecem o músculo cardíaco, que precisará trabalhar menos para fazer as mesmas funções. Resultado: você vive mais! "Dependendo da pessoa, da regularidade e da intensidade, dançar reduz os batimentos de 90 para 70 vezes por minuto", completa Cláudia.

9. Mais benefícios. Oba!
Para fazer bonito na pista ou no salão, você precisa ter uma boa postura (adeus, dor nas costas!). Dançar também desenvolve equilíbrio, flexibilidade e coordenação. "Pessoas descoordenadas tendem a sofrer mais lesões e se cansam mais", conclui Cláudia. Você ainda tem dúvidas de que dançar faz muito bem?
Do site: www.mdemulher.com.br

Nossas aulas são sempre as segundas feiras. Das 19h30 às 21h00.
Endereço: R- Dr. José Ferraz de Magalhães Castro, nº 155 Vila Rosa - SBC - SP Fone: 4343-6889
Venha participar!!!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A saia Cigana


Suas roupas representam um dos aspectos mais importantes de sua cultura, pois além do significado próprio das vestes dentro dos costumes ciganos, traduzem também uma obediência às tradições do passado e uma das formas de mantê-las vivas ao longo do tempo. A cultura cigana é uma referência à um clã de pessoas que são nômades em essência, e se espalharam por todo o mundo. São encontradas tribos ciganas em toda a Europa e Ásia, e em algumas partes da América. A vestimenta cigana tradicional foi formada nos séculos 15 e 16, e caracteriza-se por vários aspectos diferenciados.

A vestimenta cigana tradicional feminina caracteriza-se por uma saia longa, frequentemente até os pés. A saia é geralmente feita com um material esvoaçante, e balança quando a mulher caminha ou dança. A parte superior geralmente é uma peça larga de tecido de linho ou algodão. Ou, a roupa pode ser um vestido, com a saia até os calcanhares também. As mulheres usam saias longas, geralmente até os tornozelos, numa demonstração de recato e ao mesmo tempo sedução. Acham desnecessário expor o corpo no pressuposto de que tudo que é muito fácil é desvalorizado. As blusas não possuem decotes ousados, as saias são rodadas e fartas, usando as ciganas mais ricas várias saias sobrepostas. O colorido é o forte atrativo de suas roupas. Muitas gostam de xales, fitas, rendas, possuindo um significado simbólico dentro de cada família cigana. As mulheres ciganas são muito vaidosas e faceiras, usando a discrição das roupas para fascinarem. As mulheres casadas usam o diklo, lenço de seda no cabelo, as solteiras não. O lenço não precisa cobrir todo o cabelo, mas apanhar um tanto do cabelo. Se uma mulher casada retira o lenço em público ou deixa de usá-lo isto é encarado como de mau agouro, desrespeito ao marido ou chamamento de viuvez.

A saia é o traje principal de uma cigana assim como os corpetes ou vestidos, a saia é a essência de uma cigana e as cores revelam sua personalidade.
Para evitar acidentes durante o bailado e coreografias, as ciganas usam sobre-saias até em número de sete. Daí, ciganas estereotipadas como as das novelas e filmes nada têm a ver com a realidade. Na dança, o cigano procura desenvolver uma relação telúrica, conectar-se com a natureza e deixar fluir para a superfície física do ser, todos os sentimentos mais íntimos. Assim, nota-se perfeitamente o sinal de êxtase de uma cigana ao rodopiar e fazer seus movimentos gentis, ao sacudir seu pandeiro ou ao som do atrito das castanholas. Para o cigano, dançar é celebrar a vida, a existência e se ligar a Deus.

Na Rússia, Hungria e Romênia, a dança consiste em movimentos alternados dos ombros, acompanhados ao movimento das saias/ou lenços, ás vezes estalam os dedos e de acordo com o ritmo da música é utilizado o pandeiro (adornado com fitas coloridas), usam botas devido ao clima local.


Quanto a cores, escolha a que lhe chamar a atenção. E não se preocupe em ter que combinar cores. Mas também não ache que é alegoria de escola de samba. No geral, colocamos cores afins. E CAPRICHAMOS nos acessórios. Como flores, pulseiras, colares etc... Os ciganos são alegres por natureza, então coloque em suas roupas e acessórios toda essa alegria!

domingo, 1 de junho de 2014

O altar cigano


Muitas pessoas pensam que pelo fato de fazerem dança cigana, são obrigados (as) a ter em sua casa um altar. Na realidade não são. Mas o fazem pela simpatia que tem com a cultura, com os costumes e pelo amor, respeito e admiração que adquirem por Santa Sara Kali.

Pois bem, caso resolva ter o seu, você pode. E de fato, não há uma regra determinando como deve ser seu altar. Nesse caso, e como na maioria das vezes em nossa vida, se deixe levar por sua intuição.
Mas há objetos que podem sim ser colocados nele. Mas para isso, é preciso que você entenda o significado de alguns. E daí havendo simpatia pelo mesmo. Você pode adquiri-lo.

Punhal: O punhal cigano é usado em duas ocasiões. Na dança, e no altar. Para ambos os casos, é usado para limpeza. Portanto, se há alguma situação que você deseja que seja expurgada, você poderá usar seu punhal. No altar, não há necessidade dele ficar desembainhado. E fato importante. O punhal usado no altar, não deverá ser o mesmo da dança. São propósitos diferentes.

A taça: Algumas pessoas a enchem com vinho, outras com água. Fica a critério. Lembrando que para ambos os casos, o líquido ficará por algum tempo apenas, realizando a função de limpeza também.

Cristais: Os cristais podem ser colocados no seu altar como representação do elemento terra. Ou somente pela atração que sentir por determinado cristal. São vários os minerais, e cada um tem seu significado. Vale estudar um pouco antes. Mas em geral, se sua intuição pedir por determinado cristal, significa que seu corpo ou sua casa estão precisando dela naquele momento. Mas caso não tenha nem um em especial. Recomendo o cristal de quartzo e a ametista. Sendo o quartzo um excelente emanador de energias, e a ametista, a pedra da espiritualidade e transformação.

O tacho: Simboliza a fartura. Você pode colocar frutas dentro, pétalas de rosas, moedas...o que lhe disser a intuição. Lembrando que se colocar frutas, deverá depositá-las num jardim, depois de um tempo. 

Moedas: Os ciganos dizem que é sempre bom ter moedas antigas e correntes no altar. Porque simboliza que não são presos ao dinheiro, (antigas) e são amigos dele, porém não deixam de precisar do mesmo. (moedas correntes).

No mais, deixe sua intuição dizer o que terá no seu altar...suas cartas, alguma imagem de cigano que gostou...E claro!  A imagem de santa Sara. Fundamental.




quarta-feira, 28 de maio de 2014

Os diferentes bailados

Como sabemos, os ciganos são um povo nômade. Portanto, se adequam a cultura local. Sem deixar de manifestar suas crenças. Dessa forma, encontramos ciganos que usam diversas vestimentas, aplicam diversos costumes, dessa forma. Não podemos dizer que esse ou aquele costume cigano está incorreto. A cultura e os costumes ciganos não devem ser engessados dessa maneira. Ciganos são filhos do vento, e vento não se prende!

Quando falamos da dança cigana, temos portanto diversos elementos culturais dos países pelo quais nossos queridos amigos ciganos passaram que foram acoplados a sua dança. Portanto, a dança cigana na turquia é diferente da dança cigana da Espanha, essa sendo uma nação mais "liberal" a dança cigana espanhola é mais quente, sensual. E a dança turca mais comportada. E a vestimenta da bailarina também difere. Com o homem não é diferente.

O cigano russo caracteriza-se por seus giros e movimentos com as pernas, quando há um bailarino homem, este agachado salta alternando-as; o cigano húngaro tem nos pandeiros e na rapidez dos movimentos seu ponto focal; o cigano grego busca nos pequenos lenços amarrados às mãos o “não movimento” das estátuas e o cigano espanhol que, neste caso é sinônimo de flamenco, busca na cadência dos quadris femininos, a sensualidade latina. Na verdade, apenas alguns passos da chamada rumba flamenca são ensaiados, pois por ser considerado mais técnico e rico, o flamenco merece aulas específicas para os interessados em aprendê-lo.

Em todos estes estilos de bailados o movimento das mãos afigurar-sei-a como muito importante, a rotação suave do punho, num mesmo sentido, com as mãos abertas, o uso de pandeiros, os estalos de dedos e palmas constituem-se como pontos de fuga das coreografias. As saias tem um papel fundamental, na medida em que desvendam cores, pois vários tons sobrepostos dão movimento às coreografias que mostram os pés descalços das mulheres. Os homens usam sempre calças bufantes e calçam botas.

Não foram estabelecidas regras com relação ao figurino de dança cigana, cada qual escolhe suas cores (quanto mais cores, melhor) e modelos, conquanto que estes tenham muito brilho e dêem grande possibilidade de movimentação e movimento, os modelos devem ser confeccionados com tecidos considerados leves e maleáveis (seda, jérsei, cetim). As jóias passam a ser de fundamental importância na elaboração do figurino, da cabeça até os pés - e esta não é uma figura de linguagem - são bem vindas bijuterias que imitem moedas, pedras, ouro. Muitos lenços passam a ser usados, que podem variar desde um de
pequenas dimensões amarrado em uma das mãos, até uma espécie de “lençol” que cobre todo o corpo. Os cabelos femininos e masculinos podem ficar soltos ou presos em forma de rabos de cavalo. Nesta modalidade, o improviso passa a ter um lugar de destaque. O “deixar aflorar a emoção” passa a ser uma regra que apresenta-se como premissa para o bom andamento de qualquer coreografia.

No geral, a dança cigana não é coreografada, por ser livre pela essência. Mas em algumas companhias a coreografia retrata a dança com perfeição.

A dança para os ciganos


Assim como toda a cultura cigana, a dança, é passada agrafamente pelos pais, avós, tias, e familiares mais velhos. não há uma coreografia exata nos movimentos das ciganas e ciganos. mas há, uma forma de comunicação em seus gestos ao dançar que só os ciganos conhecem.

uma das mais importantes atitudes das dançarinas, é proteger as pernas, uma vez que é expressamente proibido uma cigana mostrá-las a estranhos. Se casada, a cigana só as mostrará a seu marido. e se solteira a ninguém mais. Conhecida por ser uma dança extremamente sensual a dança cigana atrai e encanta os gadjês/jurem (não ciganos) e ainda trazem inúmeros benefícios à saúde física, mental e espiritual.

Muito usada em todo o mundo, a dança cigana, sem dúvida é uma “viagem” fascinante, onde os “alunos“ descobrem que a vida não é feita apenas de problemas e sim, de muita festa, alegria e sedução!

A dança é uma homenagem á Duvel (Deus), através do corpo e da alma. Com grande sentimento e força de expressão, traduzimos em ARTE o maravilhoso ritual da dança. Dançamos quando estamos alegres para comemorar uma celebração (casamento, batizado, tudo que traduza a felicidade); dançamos nos raros momentos de tristeza, pois ela nos serve para transmitir sentimentos e emoções.
A dança cigana para os jurem/gadjê é forma de liberação das emoções interiores, de dar vazão aos sentimentos e às íntimas necessidades, através de movimentos corporais. Assim, as danças ciganas podem ser executadas de maneira solitária (um “solo”, por exemplo), em par ou em grupo, de forma profissional ou amadora, festiva, sagrada ou ritualística. Em qualquer forma de procedimento, os dançarinos, reunirão as qualidades técnicas, o preparo físico, a alma e o amor pela dança.
Temos na dança uma de nossas mais vivas e exuberantes formas de expressão. Tiramos dos passos, dos volteios do corpo, do girar, do maneio de cabeças e mãos, do sapatear etc., uma alegria contagiante e uma vivacidade única!

O repicar das castanholas (nas danças flamencas), das palmas (para afugentar a negatividade) e o ritmo dos pandeiros, constituem-se no correto dançar da “alma cigana”. Nossa dança é verdadeiramente a “magia da natureza!”
Nos momentos descontraídos fazemos as “danças livres”; sem regras, onde cada um se diverte como quer, mas nunca se esquecendo do recato e dos limites entre homens e mulheres.
As danças ciganas estão na nossa alma. Expressam luz, amor e alegria. Através delas, vivemos, amamos e crescemos! Experimentamos a cada dia um amor maior pela vida e, na nossa alma, o mais puro desejo de sermos sempre amados por Deus!


Movimentos:

1. O sorriso e o brilho nos olhos têm a intenção de complementar o que está sendo dançado, razão pela qual são tão apreciados nos concursos e festivais. o semblante sério só se aplica às danças sagradas.
2. Os mexer de ombros e a inclinação da cabeça para trás (o que chama a atenção para os cabelos, geralmente longos e soltos);
3. Os braços e as mãos trabalham em vários sentidos: na frente do corpo, levantados em direção ao alto da cabeça, nas laterais do corpo etc.;
4. Os punhos, mãos e dedos têm a característica peculiar de girar (gesto de insinuação e também de captação de energias);
5. Acredita-se que as palmas na dança, afastam a energia negativa para longe.
Fora isso, nos primeiros passos a serem transmitidos aos “alunos” devem atentar para os seguintes detalhes:

Em geral, a postura: deverá ser sempre ereta;
O caminhar: inequívoco, com elegância e a cabeça erguida;
Os ombros: deverão está em conformidade com o tronco;
Os giros: sempre largos e precisos, destacando os movimentos da saia;
Movimentos circulares: devem ser grandes, discretos, porém chamativos. Detalhe importante para as mulheres, se casadas geralmente utilizam um lenço comumente chamado pelos rons de diclô, já os calins uma flor: preferencialmente vermelha presa aos cabelos e do lado esquerdo. Mesmo as jurins/gadjins casadas com ciganos são obrigadas a seguir a tradição, pois na cultura cigana as mulheres seguem seus maridos.

É importante ressaltar que na dança cigana, a dançarina profissional ou não, jamais se apresentará por obrigação. Dançará pelo prazer, pois tem na sua concepção de que a dança deve ser praticada como arte e sedução, aonde lhe é ensinada deste a tenra idade. Aprenderá também que de maneira alguma mostrará as pernas (na dança ou fora dela), já que isto é visto pelo nosso povo “como uma grande falta de respeito”, uma vez que a dança é algo sagrado. Esta é a razão pela qual as roupas são fartas e “protegidas” por baixo, evitando assim qualquer transparência.

terça-feira, 27 de maio de 2014

A Cultura Cigana

Mirian Stanescon, a inspiradora rainha dos ciganos


Por Pili Aliano, especial para o Yahoo! Brasil - Fotos de Sérgio Moraes

A menina dos porquês e que precisaria de dois caixões ao morrer, um só para sua língua, como dizia sua mãe, chegou bem longe. A cigana Mirian Stanescon, que já inspirou personagem de novela, hoje comemora a conquista de um dia nacional para seu povo, uma cartilha com seus direitos e o pagamento de uma promessa: entregou nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma imagem da santa Sara Kali, a padroeira dos ciganos.
Nesse mesmo dia, sua presença em Brasília, na cerimônia de desincopatilização dos ministros, chamou a atenção por um aperto de mãos flagrado por fotógrafos com a ex-ministra-chefe da Casa Civil e candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff. A cigana vestia um traje típico bordado em dourado e com pequenas flores vermelhas, rompendo a sobriedade dos ternos e gravatas predominantes.
Não esquece o carinho com que foi recebida pelo presidente ao entregar a imagem que ela pintou. “Meu Deus, uma ciganinha de barraca recebida pelo poder máximo do nosso país, com maior respeito”, diz a cigana que viveu até os 12 anos em uma barraca na região de Nova Iguaçu.
Mirian, ou Rorarni (como os ciganos mais velhos a chamam), não quer falar sobre previsões políticas. Ela assume, no entanto, que vai lutar para Dilma ganhar. “Até por respeito ao presidente Lula, pela gamação que eu tenho pelo presidente. Eu tenho gratidão por essa mulher também. Foi ela quem assinou o decreto. Acha que eu vou trabalhar para quem?”, afirma, referindo-se ao decreto de 2006 que criou o Dia Nacional do Cigano (24 de maio), assinado por Lula e a então ministra-chefe da Casa Civil.
“É a primeira vez na história deste país que um governo para e ouve as reivindicações do povo cigano. Eu não tenho que ser apaixonada por este homem?”
RespeitoAs reivindicações têm rendido seus frutos, mas a língua afiada e destemida de Mirian não dá trégua. “Há 12 anos ninguém acreditava que este movimento daria certo” , disse este ano na festa do dia dos ciganos na Praça Garota de Ipanema, no Arpoador, na zona sul do Rio. E dispara: “Nunca gostei do termo tolerância. A gente não pode dizer que tolera homossexual, judeu ou cigano. A gente respeita, como Jesus respeitava.”
Assim, com a voz enrouquecida, iniciou seu discurso antes de começar as orações em romanês e abençoar os que estavam presentes, entre eles o ministro Eloy Ferreira, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
No dia 24 de cada mês, Mirian lidera uma corrente de oração pela paz mundial nesse mesmo lugar, chamado templo oficial da santa Sara Kali na América Latina, cuja imagem está em uma gruta natural. Advogada e integrante do Conselho Nacional da Seppir, Mirian diz que conhece muitos politicos, mas que não teve apadrinhamento nenhum. “Eu concorri com 119 instituições (para estar no conselho) e meu currículo e da fundação da qual eu sou presidente venceu e eu estou lá no conselho”, diz, referindo-se à Fundação Santa Sara Kali. “Não devo favor a nenhum político.”
Mirian reconhece que essa exposição tem um preço a ser pago, que nem sempre ela agradou nem agradará a todos, mesmo entre os ciganos, até por ser mulher. Em seu livro “Lila Romai” (Cartas Ciganas), ela diz que, durante toda sua vida, ouviu de seu povo que tinha muitas virtudes, mas que carregaria para sempre o “defeito” de ser mulher. “No entanto, jamais considerei o fato de ser mulher como defeito, não me calei e muito menos me isolei”, escreveu ela, que faz questão de dizer que foi a primeira mulher cigana a se formar em uma universidade no Brasil.
“Eu quero que fique nos anais da história que foi uma mulher cigana que fez as propostas [aprovadas em conferência de direitos humanos e igualdade racial], que foi para a tribuna, que deu a cara a tapa. E tem muita ciganinha para vir atrás. Eu quero ver centenas de doutoras, centenas de médicas”, diz.
Além de ter sido uma “menina dos porquês”, conta que era bisbilhoteira e era repreendida por querer se meter em brincadeiras de meninos. “Mas eu estava me preparando, sabe?” Hoje, aos 62 anos, diz que muitas vezes precisou ter atitude de “macho” para chegar onde chegou. “Minha vó me ensinou que um líder para ser líder tem que ter pulso forte, senão ele quebra os dedos e torce o pulso. Para liderar, tem a hora em que você tem que apertar, senão nego te aperta ou então ele vence.”
Sua próxima batalha, que acredita ser a última, é conseguir o direito à inviolabilidade das barracas dos ciganos, assim como são as residências dos “gajes” (não-ciganos). “A casa do cigano é a barraca, então é justo que, se a polícia vai entrar lá, tem que entrar com um mandado. Não dá para ver as atrocidades que a polícia faz com meu povo, de entrar sem mandado, de maltratar as mulheres.”
Não se sabe ao certo o número de ciganos que há no país, estima-se entre 800 mil e 1 milhão. Mas ela acredita que há muito mais, porque muitos ainda temem o preconceito e não assumem. “Nós tivemos um presidente cigano que morreu sem dizer que era cigano. E, no entanto, cansou de deitar no colinho da minha mãe em Nova Iguaçu”, lembra, referindo-se a Juscelino Kubitschek.
Muitos dos ciganos no país já estão sedentarizados, mas há ainda os que vivem como nômades. São sete clãs no país: Kalderash, Moldowaia, Sibiaia, Roraranê, Lovaria, Mathiwia e Kalê. No Norte do país, há alguns em situação “deprimente”, segundo Mirian, que é Kalderash.
Em sua caravana pelo Brasil ela já visitou 18 estados, levando a cartilha que elaborou, a qual acabou sendo gravada em CD com a voz de uma de suas filhas, pois muitos ciganos reclamavam que não tinham como ler por serem analfabetos.
Às sextas, cartomanteMas o mundo desta cigana não se limita à batalha contra o abandono e discriminação, há também um espaço para a magia. Ela diz que de segunda-feira a quinta é doutora, mas na sexta é cartomante. “Desfaço qualquer olho grande, qualquer magia, qualquer feitiço.”
Atende em casa, um amplo apartamento na zona sul do Rio, repleto de lembranças de seus ancestrais. Com orgulho, aponta para os brincos que aparecem em fotos nas orelhas de sua avó, sua mãe e agora repousam em um copo com água sobre a mesa onde lê as cartas. Quando vai ler a sorte eles têm que estar ali. Ela também oferece consultas online pelo seu site.
As cartas usadas por Mirian foram idealizadas por ela, como manda a tradição cigana, deixada de lado com o tempo. “Antigamente os ciganos desenhavam as lâminas para as ciganas lerem a sorte. Com essa história de comercializar os tarôs e as cartas, ficaram vagabundos. Vão lá e compram pronto.”
Com toda essa trajetória, as batalhas de Mirian não pararam por aí. Ela não gosta de falar sobre o assunto, mas traz no currículo uma liminar, que acabou sendo cassada, contra a TV Globo. A disputa foi por causa da personagem Dara de “Explode Coração” (1995-6), escrita por Glória Perez. A personagem Dara, inspirada em Mirian, representava uma jovem cigana que se orgulha de suas origens, mas se recusava a ficar presa às tradições, entre elas de manter a virgindade. Sentindo que aquilo era uma traição ao seu povo, a cigana Mirian entrou em ação.
“Como ia ficar? Iria parecer para meu povo que eu também os tinha ludibriado? Duas mulheres que ficaram de vigília na minha noite (de núpcias) haviam morrido, mas três estavam vivas. E aí, significa que eu fiz as três de palhaças?”, relembra ainda indignada.
Miriam acredita que essa tradição não mudou, que ainda é respeitada por seu povo. “A virgindade é uma coisa muito séria, porque até na própria magia há certas simpatias que só moça virgem pode fazer”, explica. “Limpar o santo, por exemplo. Só moça virgem pode fazer. Acha que alguém é besta de ser mulher e tocar a mão em santo?”