quinta-feira, 28 de maio de 2015

Ciganos. Um povo, uma diversidade


 Estamos em preparação do nosso festival da cultura cigana, correndo atrás de patrocinadores, expositores, amigos da dança, ensaiando as coreografias, etc. Porém, nem por isso deixamos de estudar... Tudo bem que nem sempre os estudos são envoltos em livros, mas muitas das vezes por documentários, filmes, conversas...

Pois bem, quando elaborei o titulo desse post, pensei o seguinte: diversidade é diversidade e ponto! Mas vamos observar com outros olhos, somente por alguns instantes...a diversidade da cultura cigana tem sim um "q" de diferente. Encontrando uma forma de explicar. Sabemos que os ciganos são reservados, é um povo de natureza ágrafa. Ou seja, o conhecimento é transmitido somente via oral. Não encontramos livros escritos pelo povo cigano, descrevendo sua forma de viver, sua cultura, seus costumes...

Creio que a única coisa que devemos considerar em comum a todos os ciganos é o fato da cigana não ficar de pernas e barriga de fora, que toda cigana casada usa o diklô, e que a cigana precisa se manter pura até o casamento. O mais, deve ser considerado de acampamento para acampamento...até outro dia, imaginava que todos os ciganos tivessem Santa Sara como padroeira, hoje, já sei que não...

Por isso o titulo do post fala que para os ciganos devemos considerar uma diversidade...
Estava esquecendo de um ponto. Todos exatamente TODOS os ciganos sofrem preconceitos, seja aqui no Brasil, no leste europeu, nos Estados Unidos, etc. Tendo posses ou não. Sofrem preconceito.

E o que é pior. Ainda nos dias de hoje. E eu, sinceramente não consigo entender...
A cultura cigana não deve ser engessada como única e exata em todo e qualquer canto do mundo. São muitos costumes, uma riqueza infinita de informações...

Outro dia estava assistindo ao TLC um canal que sempre mostra algumas cerimônias ciganas, mas especificamente a primeira comunhão das meninas. E é incrível. Eles começam a se preparar um ano antes, o vestido, cabelo, a decoração, os itens culinários da festa... Daí nota-se o cuidado e o respeito religioso desse povo. E explica-se também que ao contrário do que muitos pensavam, os ciganos tem sim uma religião. Tudo bem, que nesse caso estamos falando  especificamente da católica. Mas a cultura cigana, ao contrário do que muitos pensam, não é religião. E somente a maneira que o povo se expressa, se impõe na sociedade.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

SANTA SARA KALI


Segundo alguns historiadores, por volta dos anos 50 d.c uma embarcação teria cruzado os mares a partir de terras palestinas levando a bordo os primeiros cristãos que fugiram das perseguições de Roma.
Esses personagens seriam: Maria Jacobina, ou Jacobé, Irma de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro, Maximiliano e Sara. Uma negra serva das mulheres santas. E aportado em uma pequena ilha situada em águas do mar mediterrâneo. Milagrosamente, a barca sem rumo e mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit Rhomê, hoje conhecida como Saint Marie de La Mer. Sara havia prometido que se todos se salvassem, iria para sempre em louvor a kristeco (Jesus), usar um lenço (diklô) em sua cabeça e repassar os ensinamentos dele a quem conhecesse. Desse gesto de Sara, explica-se a origem de toda cigana casada usar o lenço em sinal de comprometimento.
Sua imagem é coberta de lenços, sendo ela uma protetora da maternidade. Mulheres (romi) que não conseguem engravidar e mulheres que pedem por um bom parto, ao terem seus pedidos atendidos, depositam aos seus pés um lenço (diklô). Centenas de lenços se acumulam aos seus pés.
 

Depois de alguns dias o barco foi resgatado por alguns moradores de uma vila próxima, e todos foram acolhidos. Com exceção de Sara, que por ser negra, foi rejeitada. Um grupo de ciganos, que estavam próximos, ao ver o fato acolheu sara e passaram a cuidar dela. E ela passou a viver com eles, muitos anos se passaram quando da morte de Sara. E alguns pedidos foram a ela direcionados, e muitos atendidos. E aumentando cada vez mais a fé do povo cigano, difundiram a crença de Sara como santa milagreira. E a partir de então Sara foi tida como Rainha e Mãe de todo povo cigano. Pelo fato de ser negra, quando sara faleceu, os ciganos foram ate a capela local solicitar permissão para seu velório. Porem, o mesmo não foi autorizado. Justamente por isso, os ciganos construíram uma capela em honra a Santa Sara, dentro de uma gruta. Que fica na cidade de Saint Marie de La Mer.
 
Hoje, todos os ciganos do mundo veneram Santa Sara como padroeira de todo o povo cigano. Aqui no Brasil, alguns acampamentos também fazem honras a N. Sra. Aparecida.
É costume, entre os ciganos, festejarem as slavas (promessas ou comemorações em homenagem a algum santo).

A Slava de Sara Kali é no dia 24 de maio.

Seu nome, tal como o de Sara no Antigo Testamento, pode ser um nome hebraico que indica uma mulher de alta sociedade, que algumas vezes é traduzido como “princesa” e outras “senhora”. Já o epíteto Kali significa "negra", da língua indiana sânscrito, por sua tez ser escura.


Texto de pesquisa: Thais Hélene Nicoline Couzet.