sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dança com Xale


O xale no Bailado Cigano é um elemento que traz leveza ou força. Seriedade e sensualidade. É uma peça muito especial.

Entre as espanholas, especialmente as sevilhanas, o xale lá conhecido como “mantón de Manila” passou a ser importado da China no século XVI através das Filipinas, então colônia espanhola. Inicialmente era um adorno do dia a dia, e com o tempo, foi incorporado como parte do vestiário de cantoras e bailaoras.

Dizem que, na época da colonização, grandes cargas de tabaco chegavam em Sevilha, vindas da China através de Manila, capital das Filipinas. O tabaco era empacotado em grandes telas de seda recortados de forma quadrada, ideal para proteger o tabaco, pois absorviam sua umidade. A seda não era comercializada devido à baixa qualidade ou por apresentarem falhas. As mulheres que trabalhavam nas fábricas de tabaco da cidade cortavam estas peças em quatro partes e adicionavam franjas a elas, e depois as utilizavam como xales, que aos poucos também passaram a ser usados pelas bailaoras e cantoras em suas apresentações. A delicadeza e o colorido dos bordados dos mantones cativaram as sevilhanas. Os desenhos de dragões chineses foram substituídos por flores e pássaros, adaptando-se ao gosto local. Posteriormente, os “Mantones de Manila” foram enriquecidos pela alta sociedade com belos bordados de temas variados, e com o tempo, foram criados diferentes estilos de xales.

Os mais caros e vistosos ainda são de seda e, tradicionalmente, as mulheres os usavam apenas em ocasiões muito especiais, tratando-os como verdadeiras joias. Dessa maneira, a mulher que caminhava com seu mantón tinha também uma pose especial. Não era um elemento para garotas, mas para mulheres senhoras de si. É por isso que as bailaoras ciganas caminham com tanto garbo quando usam seus xales. E dizem até que se o xale cair, jamais devemos nos abaixar para pegá-lo. É melhor pedir para alguém nos entregar. Por isso, prefiro ensinar o bailado com xale apenas para alunas mais avançadas – pode até parecer fácil, mas é necessário ter postura e uma certa maturidade do bailado.

E se por um lado o xale é um objeto de senhoridade, no início do século XX, passou a tornar-se também um símbolo de sensualidade, com as ciganas que o usavam em ombros nus. Em todos os casos, recomendo deixar o cabelo preso ao usar um xale. Assim, ele poderá ser melhor apreciado, além de não atrapalhar os movimentos no bailado.

Enquanto que as bailaoras de Flamenco utilizam os verdadeiros Mantones de Manila, que são grandes, de seda e às vezes quadrados, no Bailado Cigano usamos xales triangulares, mais pesados e um pouco menores. No entanto, não podem ser tão pequenos a ponto de encurtar nossos movimentos. Os movimentos devem ser livres para fazer o xale voar. Há movimentos leves e cheios de força. Os que sobem ao ar e os que se enroscam no corpo. O que não recomendo é dançar uma música inteira somente com o xale. O bailado deve ter graça, e não ser apenas a sucessão de movimentos.

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fonte: https://caravanadovento.wordpress.com/tag/xale/

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Dança Cigana Turca



Como já posto aqui anteriormente, o (a) cigano (a) retrata na dança, elementos de sua crença, a felicidade que sente, as coisas de seu cotidiano. Passa para as mãos, os pés, os gestos em sua dança, todo esse mix de sentimentos e situações. Que somente quem faz a dança, ou quem é cigano de verdade pode entender, e interpretar. Em pesquisas podemos ter o entendimento de diversas danças ciganas, de origens diferenciadas. Como por exemplo, dança cigana russa, dança cigana egípcia, dança cigana espanhola, e por ai vai...
Todas retratam elementos do cotidiano, de crença, e de sentimentos. Porém, tem uma que eu acredito ser a que mais expressa a felicidade e simplicidade desse povo. Que mesmo sendo vítima de diversos tipos de racismos, consegue transpor isso e deixar a alegria falar mais alto. É a dança cigana turca. Ela demonstra toda a dificuldade da vida cotidiana de uma cigana, e a alegria que ela tem em colocar isso na dança. Ela retrata de maneira única a essência desse povo. Vale a pena ver.


Na música, os ciganos extravasam toda sua alegria, todo seu sentimento.
Na dança, comungam com a natureza.
Ciganas, para facilitar a interação Terra/Céu, dançam descalças.
Há uma variedade de danças: do lenço, do punhal, da fogueira etc.
O que se pode verificar, porém, é que a cigana, embora tenha movimentos aparentemente sensuais,
ela é pudica, e jamais veremos além de seus tornozelos nos seus rodopios e meneios.
Para evitar acidentes durante o bailado e coreografias,
as ciganas usam sobre-saias até em número de sete.
Daí, ciganas estereotipadas como as das novelas e filmes nada têm a ver com a realidade.
Na dança, o cigano procura desenvolver uma relação telúrica,
conectar-se com a natureza e deixar fluir para a superfície física do ser,
todos os sentimentos mais íntimos.
Assim, nota-se perfeitamente o sinal de êxtase de uma cigana
ao rodopiar e fazer seus movimentos gentis, ao sacudir seu pandeiro
ou ao som do atrito das castanholas.


Para o cigano, dançar é celebrar a vida, a existência e se ligar a. Deus.